quarta-feira, 13 de março de 2013

Motivos para Sonhar

Sonhar não é negar a realidade. É sentir que a vida é mais do que aquilo que podemos ver e que a lógica pode explicar. Claro que não se pode viver sempre com os pés fora do chão mas qual é a graça de viver uma vida onde nunca se olha para o alto, para além das nuvens e das coisas visíveis? Diria mesmo que perder a capacidade de sonhar é deixar de viver. 

Claro que nem todos os sonhos são possíveis. É com alguma pena minha que sei que nunca irei imitar o voo das aves, pois não tenho asas para bater e descolar do chão sempre que me apetecesse. Nunca irei  teletransportar-me à velocidade do pensamento para onde quer que eu queira ir. Nunca terei a capacidade de me tornar invisível, de levantar camiões, de ler os pensamentos dos outros ou de prever o futuro.
Mas a maioria dos sonhos são possíveis e alguns deles estão à distância do nosso esforço e perseverança, de pequenos projectos a grandes feitos. Coisas que imaginámos e que construímos aos poucos até se tornarem coisas bem reais. 
Mas existem dois tipos de sonhos que são mais saborosos. Aqueles que surgem na vida inesperadamente, por vezes até sem nos termos dado conta que os tínhamos sonhado e que nos levam a lugares inimaginados, geograficamente e/ou espiritualmente. E aqueles que sempre nos pareceram tão distantes e inacessíveis e que por fim se concretizam, para nos relembrar que vale sempre a pena sonhar.

Durante tantos anos que sonhava um dia em ver as palavras que escrevia em cadernos ou em ficheiros de Word ganharem forma nas folhas de um livro. E agora que este sonho é agora matéria, palavras, folha, papel, capa, livro, ainda me parece tão surreal, como se eu estivesse ainda para acordar e encarar a luz de um novo dia. Mas aos poucos, vou-me apercebendo que estas palavras que durante tanto tempo foram só minhas, pertencem agora a todos que as lerem. E agora sonho que elas irão rumar por caminhos que nunca percorrerei e que talvez durem muito para além da minha vida.

É muito fácil procurarmos refúgio na desilusão, rendermo-nos ao medo, sentirmos que não merecemos mais do que aquilo que temos. Tantas vezes que me senti assim! Mas eis que um sonho meu se tornou realidade como outros que anteriormente acalentei. E descubro novamente todos os motivos pelos quais eu sento-me na pedra filosofal de Gedeão e deixo que a minha vida seja comandada pelo sonho: para saborear os sonhos que concretizam, para sorrir com aqueles que são impossíveis mas que não se perde nada em efabular, para seguir em frente com aqueles que estão a um relativamente fácil alcance. Ou para pura e simplesmente sentir-me vivo.




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