sábado, 24 de agosto de 2013

Antologia Poética 1999-2002 (Volume 1)

VEM

Onde estás? Quando vais regressar?
Os meus dedos querem o teu corpo tocar
E cheirar a tua essência de âmbar e mel.

Vens pela penumbra, com o tecto luar
Ofereces-me doce para te beijar
Cada centímetro da tua alva pele

A tua irmã, a Noite, é tua guardiã
Que te acorda no romper da manhã
Deixando-me só, nu e adormecido
Assim encontrado e logo perdido

Até ao dia acabar e vier o cheiro a maçã
Que fica preso nos lençóis até ao Amanhã
Fico eu a navegar sem nenhum sentido
Vem! Volta se para ti sou querido

ESTRELA 

Estrela adormecida aqui ao meu lado
Brilha neste meu coração pesado
A quem tu deste tamanha leveza.

Dá-me o teu corpo de neve caiado
O teu rosto de luz enfeitado 
Para apagar de vez a minha tristeza

Antes de ti, meu coração não amou
Vivia, mas vivo não estava
Até que o teu amor lhe mostrou
A luz de que ele nescessitava

É por ti que hoje sou como sou
Vulcão expelindo a doce lava
Na minha vida tudo mudou
E apenas uma estrela bastava.


SECRETAMENTE

Amiga, esposa, amante, segredo?
Só eu sei quem tu és para mim:
És a cura para qualquer medo

Enquanto a cidade dorme por fim,
Fugimos para o nosso abrigo ledo,
Entramos pelo secreto jardim.

Amamo-nos assim tão secretamente
E mais ninguém sabes que somos nós
Somos seres abertos de corpo e mente
Que a noite embala e nos deixa a sós.

Que as estrelas sejam uma corrente
Que nos protege e vela sobre nós.
Amar-nos-emos assim secretamente,
E a brisa espalhará o riso da nossa voz.

A VIDA

Quem me dera que a Vida fosse cinema
Que a Vida fosse bela como um poema, 
Que tudo corresse como eu quisesse!

Na minha vida, há tanta tristeza...
Atrás do Sonho, há tanta dureza...
Aquilo que eu queria, não acontece!

Tentei nos meus sonhos me refugiar,
Mas só de Sonho, não vive ninguém.
A doce Vida é fria e dura também
E nada posso fazer para a evitar.

Resta-me pela tristeza atravessar, 
Guardar na minh' alma todo o bem.
Afinal, se calhar a Dor também
Faz com que seja tão bom sonhar!

PAISAGEM 

Campos verdes a perder de vista!
Céu azul para além do horizonte!
Coisas belas a minha alma avista!

Planícies verdes, alta serra!
Água de lagos e água de monte
Trazem riqueza a esta terra.

Como passa depressa esta paisagem
Diante dos meus olhos viajantes.
Comboio louco em linhas errantes
Traz para mim tão bela imagem.

É tudo tão rápido, parece miragem
A visão destes campos verdejantes.
Que paisagens tão radiantes
Se me estendem nesta longa viagem.

QUERO 

Quero ser o luar no teu rosto
A entrar sereno pela janela
Numa noite quente de Agosto.

Quero beijar a tua pele
Ter os meus dedos a navegar nela
O meu nariz cheirando o teu mel.

Ser um beijo pousado na tua boca,
Aconchegar a ternura do teu seio, 
Amar-te sem medos nem receio,
Gritar até a minha voz ficar rouca.

Quero dar-me à paixão louca,
Quero um amor livre, sem freio!
Enfim, és tudo o que eu anseio
E toda a ansiedade para mim é pouca.


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