domingo, 25 de agosto de 2013

Antologia Poética 1999-2002 (Volume 2)

ÍRIS

Quando tudo parece irreal,
Respiramos e votamos a viver.
Tudo tão belo que custa a crer.

Foste um sonho tornado real
Quando vieste no sol da manhã
Fresca e doce como rubra romã.

Agora o real parece ilusão
Juntos, outro mundo começou
Soltamos alegria numa canção
Foste rio que em meu mar desaguou

Mesmo se for de curta duração
Valeu por aquilo que em mim mudou
No espelho - olhar uma revelação
Descobri aquele que eu sou

O OUTRO

Que tem o Outro que não tenho eu?
Como é que ele te fará feliz?
Queria saber, mas ninguém me diz.

Porque é que teu coração não é meu?
Porque te entregas a esse alguém,
Em vez de mim, que te amo como ninguém?

O outro é mais belo, mais forte?
Ele ama-te com a mesma paixão
Como a que trago no meu coração?
Quem me dera ter a sua sorte!

Ele jurou amar-te até à morte?
Também será teu o seu coração?
Só sei que ele tem a tua devoção
E eu tenho um amor sem norte.

INVEJA 

Sou o que tem voz e não deixam falar.
Sou o que tem luz e não pode alumiar.
Sou o que amo sem poder ser amado.

Sou um sonho que foram acordar.
Sou uma ave impedida de voar.
Sou o que não é perdido nem achado.

Não sei porque calam este meu grito!
Talvez por inveja, má conselheira...
Pois eu hei de ir além da cegueira
E encontrar a imagem do Infinito!

Vossas ameaças não me deixam aflito.
Deixem a inveja, gente traiçoeira!
Passem a ser gente verdadeira
E cantem comigo num longo grito.

DEDOS FLUTUANTES

Dedos flutuantes na minha pele...
No meu torso, lábios ardentes...
Uma mão nas minhas costas quentes

Fitam-me uns olhos cor de mel
Que brilham pela noite escura,
Cheios de amor e doce ternura

Vem ao refúgio dos meus braços
Mostra-me teu encanto de mulher
Sente o calor dos meus abraços
Sedentos de abraçar e de viver.

Ofereço-te um amor puro e louco
Como aquele que sonhaste ter.
Tudo o que te disser, ainda é pouco
Só me amando poderás saber...

A TUA MENTIRA

Dói-me o coração, consome-me a ira...
Na minha boca, o sabor do agro fel...
Porque acreditei na tua mentira.

Prendido em tua garras, vampira
Sem coração, violenta e cruel,
Porque acreditei na tua mentira.

Fui tão cego por querer amar
E por me dar a quem não devia.
Amaldiçoada para sempre vais ficar
Por não teres senão uma alma vazia.

Mentirosa - é o que te irão chamar!
Será como a minha, a tua agonia.
O teu castigo será sempre errar
Por entre uma vida incolor e fria.

AMIGOS

Quantas noites passámos acordados
Debaixo de estórias, risos e segredos,
Contando as nossas esperanças e medos.

Quantos momentos vivemos apaixonados
Pela vida que estava à nossa frente,
Pela nossa amizade sempre presente.

E as canções que sabíamos de cor?
E o chocolate quente a fumegar?
E as conversas sobre a vida e o amor,
Sobre o mundo que queríamos abraçar?

Amigos! Que saudades do calor
Do abraço que só amigos sabem dar!
Crescemos e separámo-nos, mas com fervor
A nossa amizade iremos sempre acalentar!  


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