domingo, 8 de maio de 2011

Acto de adultos

Não devia ir contigo à farmácia, pois se foste crescidinha para fazeres o que fizeste, também terás de o ser agora. Mas eu irei contigo, quanto mais não seja por me sentir um pouco culpada. Mas quem me mandou apresentar-te o meu primo Rafael, sabendo a besta que ele é?
Vi-te toda entusiasmada com ele e a teu pedido, feita parva, eu apresentei-vos um ao outro. Foi o que bastou para ele começar a pensar em saltar-te em cima. E pronto, entornou-se o caldo e quem tombou a panela fui eu. Tal como outras antes de ti, não descansou enquanto não sacou o que queria de ti. E lá foste na sua lábia apurada e na sua carinha de santo caído do ceú aos trambolhões. Mal conseguiu o queria de ti, despachou-te em três tempos. Desculpa dizer-te isto, sendo tu minha amiga, mas assim que vi o caso mal parado, eu sabia que não tinhas esperteza para saíres da armadilha.
Ainda não te disse isto, mas sei de pelo menos uma rapariga com quem ele andou e veio a abortar, e não me admirava se não fosse a única. Aposto como o velhaco convcenceu-te que não havia perigo nenhum, que não era preciso usar protecção, com alguma desculpa esfarrapada. Ou então foste tu que pensaste, que só por uma vez não te acontecia nada, embora estejas careca de saber que isso não podia ser mais falso. Apesar de toda a informação que há na escola, na TV, nas revistas, muitos continuam a pensar como tu e ele. Por essas e por outras que eu quero manter-me virgem. Não digo até casar, mas até ter a idade, o juízo e a responsabilidade que são necessários.
Depois da última aula, vamos a uma farmácia, de preferência longe dos nossos bairros. Se der positivo, das duas uma: ou vais abortar não sei aonde e corres os riscos que tu sabes, ou vais se obrigada a ser mãe antes do meu tempo, e não contes com qualquer ajuda do desgraçado do meu primo. Se fosse a ti, rezava para que o teste dê negativo. Se assim o for, espero que deixes de ser ingénua e ganhes o juízo que te faltou. É que o sexo é um acto de adultos (coisa que nem tu, nem ele, nem eu somos) e para o fazer é preciso agir como tal.

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