sábado, 31 de março de 2012

Talvez fosse só isso

Caminhava pelo túnel, sem outra esperança
senão a promessa de luz algures lá na frente.

Mas o breu pintava o ar, as mãos esfoladas eram guias
tacteando as paredes rasgadas.

Pés arrastados sem saber onde viria a próxima armadilha
que o deitaria ao chão.

E pensava porque continuava ali, perdido no silêncio cego agarrado à teimosia
da sede de esperança.

Já era tarde para voltar atrás e mesmo que não fosse, de pouco adiantaria.
Já era água que passara por debaixo de ponte.

Porém o terreno ficou mais plano, as paredes menos rugosas.
e o coração deixou o sobressalto para saborear aquele momento de vago sossego.

Ainda não sabia o que aguardava nos passos seguintes,
só sabia que o coração estava magoado,
mas tinha ainda vida a pulsar no sangue 
e talvez fosse só isso que precisava.

E continuou a avançar...

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